Após registrar alguns números negativos nos últimos anos, o mercado imobiliário brasileiro iniciou uma boa retomada nos últimos 12 meses, com indicadores de crescimento.
Este é um bom cenário para quem quer comprar, já que os números negativos dos últimos anos não indicam necessariamente algo ruim, pois as pesquisas de mercado levam em conta as vendas. Aliás, toda pesquisa é encomendada por alguém que deseja pesquisar o mercado para poder melhorar o gerenciamento dos seus interesses, o que parece estar acontecendo com os números de retomada.
Resumindo, após um período de baixa nas vendas e aumento no estoque, uma provável melhora em parte das ofertas indica o bom momento para aquisição de um imóvel. Porém, quem compra deve, assim como quem vende, se preparar para encontrar a melhor oferta.
Em um olhar nacional, de acordo com dados do indicador Abrainc-Fipe, os lançamentos de novos imóveis totalizaram 68.808 unidades entre janeiro e novembro de 2017, registrando uma alta de 15,1% se tivermos como base o mesmo período do ano anterior. Ou seja, em 2017 o mercado imobiliário colocou à venda 15% mais imóveis novos do que em 2016.
Já se olharmos para os dados da principal cidade do Brasil, São Paulo, o crescimento é ainda maior. De acordo com dados da Secovi-SP, após 3 anos de queda, as vendas de imóveis cresceram 46,1% em 2017. Foram 23.629 unidades vendidas na cidade de São Paulo no ano. No mesmo período, os lançamentos chegaram a 28.657 unidades, registando aumento de 48,0%, com o valor geral em vendas (VGV) totalizando R$ 13,8 bilhões, crescimento de 29% comparando com os dados do ano anterior. Os dados divulgados pelo Secovi-SP consideram apenas os imóveis residenciais novos.
Neste contexto, de acordo com Mário Paes Landim, advogado da MPLandim, escritório especializado em direito imobiliário, o consumidor pode tirar alguma vantagem. “Com algum raciocínio especulativo sobre o mercado, para o qual a internet ajuda muito, ele consegue encontrar – como um bom caçador que sabe espreitar – boas ofertas em imóveis. De fato, é algo bastante trabalhoso, mas o esforço vale cada segundo e/ou centavo, afinal, este muito comumente é o grande investimento da vida de uma pessoa, tanto do ponto de vista econômico, quanto a ter um bom lugar seu, que é um objetivo para muitos brasileiros”, comenta o especialista.
Mário Paes Landim também analisa o relacionamento entre quem quer vender e quem quer comprar. “A tendência neoliberal do mundo e sua intensa disputa nos dias atuais, principalmente nos grandes centros, aponta para a quase absoluta financeirização dos ativos imobiliários, isto significa que a indústria da construção, para existir, se tornou totalmente dependente do dinheiro que pode gerar a venda e compra de um imóvel. Praticamente não existe mais a calorosa relação entre vendedor e comprador conscientes do papel social de garantir um teto à uma família, como foi a relação do português sr. Mesquita com o meu pai nos anos 1970, por exemplo. Aquele mundo se tornou apenas uma fria relação econômica”, conta o executivo.
Assim sendo, antes mesmo de iniciar a procura por um imóvel, a sugestão do especialista é de que o comprador se comporte como um caçador à espreita, sendo que uma boa espreita guarda algumas premissas. De acordo com Landim, o bom caçador precisa “conhecer o espírito da floresta”, “os animais que por ali caminham”, “as feras a enfrentar”, “o abrigo e as fontes de água”.
Segundo ele, espreitar, para quem vai comprar um imóvel, significa conhecer as formas de financiamento, as opções de juros, os prazos, saber se é possível trocar de financiador caso no meio do caminho os juros baixem em outro banco e qual a política de abatimento dos juros se houver quitação do saldo devedor. “A relação com o financiador é muito longa, e equivale a quase um terço de uma vida em financiamentos longos, de modo que certos cuidados não podem ser deixados de lado, sendo assim, o seguro em caso de perda de renda ou em caso de morte do principal pagador também é desejável”, destaca Landim.
Ainda é importante para o consumidor, ao buscar uma boa oportunidade de negócio, analisar com total objetividade suas condições pessoais e questões simples como: onde quer morar, quanto tem para dar de entrada, quem morará no imóvel, como está sua estabilidade financeira, como vai conseguir pagar e qual a prestação que poderá pagar. Neste último aspecto, é bom ficar atento para não empenhar mais do que um terço da renda familiar, esta é uma regra importante para não se correr o risco de perder quase tudo no futuro”, lembra o executivo.
Nessa busca incessante pelo bom negócio, na alusão à caça e ao caçador, o especialista analisa: “O grande caçador carrega consigo uma única flecha! Ao grande caçador, a caça se entrega sem rancor, pois sabe que a ele pertence o seu destino. Ele nunca força seu único disparo e jamais corre o risco de errar.
Como agora, mesmo que o mercado ofereça boas oportunidades dado o grande estoque de imóveis das construtoras, é importante ser paciente, procurar bastante, olhar bem cada oferta, analisar as premissas e depois espreitar as condições gerais do mercado sabendo que não é o vendedor quem vende, mas sim o comprador quem compra”, finaliza Mário Paes Landim, advogado da MPLandim, escritório especializado em direito imobiliário.
Fonte - Exame
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