No 2.º trimestre, empresas viram mercado para imóveis acima de R$ 350 mil se recuperar
Chiara Quintão
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Num momento em que as incorporadoras voltam cada vez mais suas atenções para o segmento de econômico, principalmente por causa do programa habitacional "Minha Casa, Minha Vida", o mercado começa a se deparar também com o início da retomada da demanda por imóveis destinados às faixas de renda média e média-alta. Essa tendência já aparece no desempenho, no segundo trimestre, das vendas contratadas de incorporadoras que não têm foco nas faixas de renda contempladas no pacote e que já divulgaram prévias operacionais.
Um dos principais estímulos para a demanda de unidades pelo segmento médio foi a ampliação do limite do valor máximo do imóvel a ser financiado com recursos da poupança e do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), de R$ 350 mil para R$ 500 mil. "A velocidade de vendas de imóveis na faixa de R$ 350 mil a R$ 500 mil aumentou no segundo trimestre", afirma o diretor Comercial da Tecnisa, Douglas Duarte.
A melhora do cenário macroeconômico também contribui para a tomada de decisão de compra pelos consumidores. "As empresas pararam de demitir e estão percebendo a necessidade de começar a admitir de novo", diz Duarte. No segundo trimestre, as vendas contratadas da Tecnisa somaram R$ 298,5 milhões (parte da companhia), 10% a menos que no mesmo período do ano passado, mas 10% acima do valor vendido no primeiro trimestre. A Tecnisa lançou R$ 40,5 milhões no trimestre, cifra 86,6% menor que a do mesmo intervalo de 2008. Os estoques responderam por 93% das vendas.
"Houve impacto positivo da ampliação do limite do financiamento do SFH (Sistema Financeiro da Habitação) e do FGTS. Não temos visto postergação da decisão de compra", afirma o diretor executivo de Investimentos da Brookfield Incorporações, Alessandro Vedrossi. A Brookfield registrou vendas contratadas de R$ 568,5 milhões no segundo trimestre, 77% a mais que no mesmo período do ano passado e 86% maiores que as do primeiro trimestre. Do total, o segmento residencial foi responsável por R$ 387 milhões, e o de escritórios, por R$ 181 milhões.
No segmento econômico (imóveis residenciais até R$ 130 mil), a Brookfield vendeu R$ 13,9 milhões, 37% a menos que no segundo trimestre de 2008. Na faixa de renda média-baixa (R$ 130 mil a R$ 350 mil), as vendas cresceram 80%, para R$ 188,3 milhões. No segmento médio (R$ 350 mil a R$ 500 mil), houve expansão de 17%, para 44,1 milhões. Na classe média-alta (R$ 500 mil a R$ 1 milhão), as vendas caíram 24%, para 54,2 milhões. Na alta renda (acima de R$ 1 milhão), o aumento foi de 61%, para 79,3 milhões. A companhia lançou R$ 587,5 milhões no segundo trimestre, sendo R$ 351,3 milhões para o segmento residencial, com todas as unidades até R$ 500 mil.
CONDOMÍNIOS-CLUBE
A Even Construtora e Incorporadora registrou vendas contratadas de R$ 252,9 milhões no segundo trimestre (parte da companhia), 100,8% a mais que no primeiro trimestre. Do total, R$ 99,5 milhões foram vendas de lançamentos do próprio trimestre e R$ 153,4 milhões de estoques. Os segmentos médio, médio-alto e alto responderam por 82% das vendas de estoque. "No primeiro trimestre, houve retração por parte da média e média-alta renda, pois o consumidor estava receoso de perder o emprego", diz o diretor de Incorporação da Even, João Azevedo.
Com a ampliação do financiamento com recursos da poupança e do FGTS, a demanda foi retomada por unidades de R$ 350 mil a R$ 500 mil, principalmente de condomínios-clube, de acordo com Azevedo. A Even não fez lançamentos nessa faixa no segundo trimestre, dando prioridade à venda de estoques, mas pretende lançar projetos para o médio padrão no terceiro trimestre. Dos seis lançamentos da Even no segundo trimestre, quatro foram no segmento econômico (até R$ 200 mil) e dois na faixa média-alta.
A EZ Tec, que atua em todas as faixas de renda, com foco em empreendimentos para média e média-alta renda, vendeu R$ 243,5 milhões no segundo trimestre, 70,6% a mais que no mesmo período do ano passado. Do total vendido, a maior parte se concentrou no segmento comercial, cujas vendas foram impulsionadas pelo lançamento, em maio, do Capital Corporate Office, maior projeto que a EZ Tec já desenvolveu. No trimestre, a companhia lançou também um projeto residencial de alto padrão, com valor médio das unidades de R$ 1,4 milhão. Segundo o vice-presidente e diretor de Incorporação da EZ Tec, Silvio Zarzur, houve retomada da demanda por unidades de médio e alto padrão desde o início do ano.
NÚMEROS
R$ 500 mil é o novo valor máximo dos imóveis a serem financiados com uso do FGTS, uma das razões para o aumento das vendas no segmento
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