INFORMADOS, OS INQUILINOS TERÃO CASA PROPRIA

Existem cerca de 2,7 milhões de imóveis, digamos, de construção convencional em São Paulo, Capital. Destes, 900 mil estão alugados. Estima-se em 500 mil o número de moradias precárias (cortiços, favelas) habitadas pela classe média e, ao contrário do que se pensa, a maciça, maioria destes imóveis são alugados. Muitos favelados pagam aluguéis iguais ou superiores aos dos imóveis convencionais, por não conseguirem algum tipo de fiança. Apenas 8% dos imóveis convencionais têm alugueis de até R$ 200,00. Nas favelas não é incomum um aluguel de R$ 300,00 e é até bem usual um aluguel de R$ 200,00.
Assim, das 1,4 milhão de famílias que pagam aluguel em São Paulo, 41,43 % arcam com valores entre R$ 200,00 e R$ 400,00, 29,51% desembolsam de R$ 400,00 a R$ 600,00 e 10,38% despendem entre R$ 600,00 e R$ 800,00. Isto quer dizer que cerca de 90% dos inquilinos têm como limite de capacidade de pagamento até R4 800,00. Mas, apenas 54,5% das vendas realizadas atinge a faixa de até R$ 80 mil, concentradas (75%) nas regiões mais populares. E nos últimos 12 meses registramos uma queda de vendas que atinge 41,14%.
As vendas por financiamento correspondem a apenas 25% dos negócios realizados. Não falta financiamento, desde o advento da Carta de Crédito, da Caixa Econômica Federal, em meados de 1997. A pesquisa realizada pelo Creci-SP, que abrange 7% do universo das imobiliárias da Capital, de onde extraímos os números mencionados, é um indicador absolutamente confiável.
Acionamos os pesquisados para verificar a razão da resistência dos inquilinos em trocar a locação pela prestação de valor quase equivalente ao aluguel. O resultado mostrou que a grande maioria obviamente detesta pagar aluguel, sente-se insegura morando desta forma mas, ainda assim, pelo medo do desemprego, preferia esta opção a ter que se desfazer de suas reservas ou usar o FGTS.
Baseados nesta informação, os corretores passaram a reivindicar, e obtiveram sucesso junto à Caixa Econômica Federal, que o imóvel tivesse financiamento integral, ou seja, de 100% de seu valor. Também relembramos o acordo firmado com a CEF, na presença de 6,4 mil pessoas no Anhembi, que liberava os inquilinos de comprovarem renda se tivessem pago regularmente seu aluguel durante 36 meses.
O abrandamento de rígida exigências burocráticas na comprovação da renda é uma medida importante. Vivemos em um País onde grande parte da economia é informal, e a Caixa Econômica Federal não é a Receita Federal.
Quem prova capacidade de pagamento por diversas formas, e melhor delas é a regularidade do aluguel, oferece até menor risco de inadimplência do que o portador de contracheques que amanhã pode estar desempregado. Além disso, a velocidade de concessão do financiamento e a sua simplificação, permitem dizer que 30 dias depois do início do processo o dinheiro está nas mãos do vendedor do imóvel. Infelizmente a divulgação desta nova realidade é quase inexistente.
O financiamento integral de 100% é a pedra de toque para enormes e benéficas mudanças para a indústria imobiliária. O inquilino atinge sua casa própria e, ironicamente, até o favelado, recusado pelo proprietário exigente , pode sair da moradia precária para a sua casa. A família fica abrigada e segura que , no caso de uma convocação divina de seu chefe, o imóvel estará quitado. E, no caso dos favelados, a família ainda sai do convívio com marginais, cuja conseqüência dispensa comentários adicionais. Uma demanda potencial de 1,4 milhão família só na Capital não pode ser desprezada e é fácil avaliar a alavancagem que opera em todo o mercado. Vale lembrar que, estatisticamente, 95% dos proprietários que vendem seu imóvel o fazem para comprar outro. Quem vende compra, criando uma cadeia de operações que em algum momento acaba inevitavelmente em um imóvel novo. Como a grande maioria de novos compradores, conforme ficou demonstrado, adquirirá imóveis na chamada base do mercado(o primeiro imóvel), é de se esperar uma extraordinária reação em cadeia, que beneficiará a população e toda a indústria imobiliária.
(Presidente do Creci-SP – Gazeta Mercantil,
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